Os últimos acontecimentos políticos e
econômicos ocorridos no Paraná assinalam a condição desastrosa, autoritária, de
abandono e fantasias ideológicas da educação e seus sujeitos, a sociedade,
família, governo, estudantes e professor. Somos o principal laboratório dos
testes neoliberais.
Nosso professor é mau remunerado. É
tão indigno que seu salário dista do s ganhos de vereador, deputados,
senadores, secretários de Estado e Ministros. Não inclusas as regalias que
estes recebem sem necessidade de esforço intelectual, desobrigação de ler e
escrever. Não há concurso para rendosa carreira.
O professor do ensino básico é vítima
apartir do vestibular universitário. Ao invés de ingressar numa licenciatura
que lhe ofereça trecursos que permitam alçar vôo na carreira docente
pré-universitária, se confrontará com um elenco de disciplinas isoladas,
feudalizadas, empurrrando-o para os mestrados e doutorados específicos,
requeridos pelo produtivismo dos seus mestres. Quatro anos para torná-lo
bacharel de segunda.
A maioria dos professores das
licenciaturas não dispõem de experiência respeitável e reflexão na e sobre a
escola básica. O assunto não lhes interessa, que digam os professores do ensino
fundamental e médio que passaram pelos
PDE. A formação do professor acontece sob a autoridade de quem não
possue concepção nítida de ensino, de escola, teoria pedagógica e retalhos
história educacional brasileira. É fato
que a escolha do professor formador de mestres do ensino básico não é feita
pelos Colegiados de Curso, são compostos por quem não tem vivência nem paixão
pela escola.
O licenciado sai da universidade
desinformado. Entrando na sala de aula de um colégio deparando-se com um
ambiente sequer imaginado, não tinha lido e debatido uma linha teórica que
fosse a seu respeito. A fera está desperta e agora? Professores universitários
formadores atuam nas salas de aula sem capacidade mínima para versar sobre a
sociologia do cotidiano escolar, aspectos políticos da educação, leis de
aprendizagem, métodos de ensino, filosofia da educação, sociologia da escola,
noções de comportamento e aprendizagem. O refúgio é o castelo da especificidade
e do empurrão para as disciplinas pedagógicas, quando nem estas dão conta
destas questões, visto que seus ministrantes padecem os mesmos males das
específicas e padecem da falta intencional de diálogo ou desnível intelectual
com as outras. As aproximações são sempre recusadas de pronto, justificadas
pela carreira, produtivismo e o
pesquisismo. As universidades são tão capazes para pensar a educação que num
final de semana decidem contra políticas públicas e no início da outra votam
pela sua aceitação, o que evidencia o quanto da produção científica sociológica
é por elas assimilado, ou quando não. Os chamados conselhos de ensino que de
filosofia de educação coisa alguma entendem e possuem.
Cabe, então, as Secretarias de
Educação, as associações de professores da educação fundamental ensinarem a
Universidade como trabalhar com eles, quais são suas dúvidas, suas demandas e
seus currículos. Esperar uma conversão desta é exigir o impossível de uma
instituição que se distanciou, pedantemente, das necessidades da sociedade. O
êxito de políticas públicas sérias e responsáveis para a escola pública impõem
que outro modelo de formação seja perseguido e esta ocorra fora dos muros e
salas de aula do tão propalado ensino superior.